A ERA HORIZONTAL E A INTERNET
Aconteceu no Brasil no último mês de abril o YouPix, evento de cultura da internet, onde rolou o debate intitulado “As mídias sociais estão matando a música eletrônica”.
O título era, claro, uma provocação o que gerou enorme controvérsia, registrava o avanço da música pop como trilha das baladas em São Paulo em detrimento de sons eletrônicos e/ou mais “alternativos”. E esse foi o tópico principal da conversa (das mídias sociais, que todo mundo ali acreditava ajudarem mais do que atrapalharem).
Dez anos antes, a música eletrônica sem vocal reinava absoluta, grande parte do público agora estaria mais empolgado em dançar seleções que pareçam com o playlist de seu iPod ou que pudessem facilmente ser ouvidas numa rádio qualquer.
“Do mesmo jeito que as indústrias da música, do cinema, dos games, das notícias, entre outras, a cultura noturna também foi afetada pela horizontalização imposta pela rede.” São os tempos, onde “todo mundo é DJ”.
Hoje, os DJs “profissionais” não tem mais o monopólio da novidade e dos recursos para montar e executar uma seleção de músicas (culpa, respectivamente, da internet e das novas tecnologias de software e hardware).
Ao mesmo tempo, conseguir mobilizar uma galera para ir numa festa via Facebook passou a ser quesito valioso. E ter o playlist certo para ferver seus amigos na pista também, tipo festinha em casa. Acabam caindo no óbvio. Representam meio que uma volta ao tempo onde o DJ era meio jukebox.
POP VS UNDERGROUND?
Sempre achei bobagem essas batalhas entre comercial vs underground, música eletrônica vs pop. Até porque, tirando os extremos, como por exemplo Lady Gaga e Salem, existe um grande e subjetivo meio de campo. A briga não é essa.
Acredito sim que as melhores discotecagens sabem dosar o novo e o velho, o obscuro e o conhecido, o fácil e o difícil, o Underground Resistance e o Michael Jackson.
O underground com cabeça de avestruz acaba sendo tão burro e limitado quanto o disparador de hits. É clichê supremo, mas é verdade: existe música boa e música ruim, ponto. E existe a música certa para cada momento. Morreríamos de tédio também numa cidade onde só se ouvisse os lados Bs de Detroit e Berlim.
Assim como anda complicado ver tanto playlist de iPod no shuffle passando por discotecagem.
A democratização do acesso é linda, mas “todo mundo pode ser DJ” nunca vai significar “todo mundo vai ser um bom DJ”. Acho improvável inventarem uma tecnologia que ensine alguém a ser um bom filtro de música. O algoritmo mais esperto sempre vai ficar muito aquém da pesquisa e intuição de um ser humano com talento.
DJs diletantes não tem o tempo nem a paixão necessárias para filtrar milhares de músicas até descobrir as boas novidades. Conclusão: na era da enxurrada de informação, ser bom de peneira e ser criativo tem mais valor do que nunca.
Fonte: DJ Wesley / Bate Estaca
Foto: Google
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